Quando o "EU" desaparece em função do "NÓS"
- Psicóloga Isa Laury
- 15 de set. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 27 de mai. de 2024
Até que ponto é saudável se misturar ao outro?

Existe um conceito na Gestalt-terapia, chamado de confluência.
De forma bem resumida, significa uma "mistura" entre você e o outro, entre o que é seu e o que é dele.
É um mecanismo de contato natural que serve para auxiliar no encontro com o outro e até na construção da empatia, pode-se dizer.
Porém, quando esse mecanismo é utilizado em excesso, nascem os processos disfuncionais, pois a pessoa tende a ter dificuldade de exercer a sua pessoalidade.
O que seria isso?
Bem... ela não se enxerga como alguém separada e pauta as suas escolhas e ações sempre nas necessidades do outro, tendo dificuldade em se conectar com suas próprias necessidades e realizar aquilo que é bom para si.
Esse comportamento distancia a pessoa cada vez mais de si mesma e pode acarretar, inclusive, em processos de adoecimentos mais sérios. E um terreno muito propício para esse tipo de vivência é o relacionamento conjugal ou de namoro.
Quando você escuta "tornar-se um", imagina uma relação em que deve haver compartilhamento de experiências, apoio mútuo, complemento e apoio ou uma relação em que uma das partes abdica dos desejos, sonhos, necessidades, vivendo a vida do/a parceiro/a?
Na relação confluente, a pessoa comumente abraça a vida e os anseios do outro como se fossem seus, muitas vezes sem perceber com clareza o que está se passando, inclusive confundindo esse bloqueio com "formas de demonstrar amor e cuidado". Vai se adequando à forma de ser do outro, de maneira tão sutil que não se dá conta, podendo chegar ao ponto de não saber mais quem é sem esse outro.
Esse funcionamento pode se desdobrar em muitas consequências, como: baixa autoestima, dependência emocional, baixo contato com os próprios sentimentos e potenciais, além de muitas outras coisas.
Só acontece entre casais?
Não se engane, isso não acontece apenas em relações de namoro ou casamento, mas a pessoa com funcionamento confluente cristalizado tende a repetir um padrão de beneficiar sempre o outro em detrimento de si também nas demais relações. Então é comum que esteja sempre disposta e tenha dificuldade em dizer "não", frequentemente se sobrecarregando no trabalho, por exemplo, ou se colocando em situações desconfortáveis, em prol do cuidado com o outro.
Ser empático e fazer o bem é uma grande qualidade, porém qualquer tipo de funcionamento quando passa a ser excessivo acaba se tornando prejudicial.
A psicoterapia é um ótimo espaço para se conhecer melhor e reconhecer sua individualidade, desenvolvendo sua autonomia e buscando formas de estar em contato com o meio sem que tenha tanta dificuldade em afastar-se quando for necessário.
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