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Ansiedade: O que é, quem tem e como lidar com ela

  • Foto do escritor: Psicóloga Isa Laury
    Psicóloga Isa Laury
  • 2 de out. de 2023
  • 4 min de leitura

Atualizado: 25 de mai. de 2024

Será que ter uma crise de ansiedade significa ter um transtorno? Toda ansiedade é igual? Devemos eliminar a ansiedade? Venha tirar essas e outras dúvidas no decorrer do post.



Mulher com expressão de ansiedade

O que é a ansiedade?


A ansiedade é um fenômeno natural da existência humana e é caraterizada como uma excitação que envolve todo o organismo (cognição, emoção e comportamento).

Pode aparecer como uma sensação de apreensão, nervosismo e preocupação relacionada a algo que ainda não aconteceu.

Através da ansiedade, podemos nos preparar para coisas que precisamos fazer ou até mesmo nos proteger de algo.

Isso significa que a ansiedade, quando não relacionada a prejuízos, é saudável e necessária para o nosso funcionamento.


Em que momento a ansiedade começa a ser preocupante?


A ansiedade merece uma atenção maior nos casos em que passa a interferir negativamente na nossa qualidade de vida, nos impedindo de realizar atividades e até mesmo gerando crises.

A pessoa com ansiedade em seu nível patológico, geralmente apresenta expectativas pessimistas e catastróficas do futuro e todo seu organismo se mobiliza em torno dessas expectativas. Então é bem comum que os prejuízos sejam em diversas áreas da vida dessa pessoa, pois um aspecto desajustado acaba afetando outros, causando desajuste como um todo.


Quais sinais e sintomas de uma ansiedade intensa/crise?


Dificuldade de concentração, insônia, e até sintomas físicos como: taquicardia, dores de cabeça, tontura e outros, podem estar presentes no quadro, além de pensamento acelerado e normalmente catastrófico sobre o futuro. Mas atenção! Ter estes sintomas em algum momento específico da vida, não faz de você automaticamente uma pessoa com transtorno de ansiedade, pois existem outros fatores envolvidos no diagnóstico.


A intensidade e a frequência dos sintomas é que vão ajudar a esclarecer se por acaso se trata de uma crise, um transtorno ou até mesmo um episódio "normal", pois são sintomas muito comuns em momentos da vida onde somos expostos a desafios e temos contato com a novidade, como por exemplo: primeiro dia num emprego novo ou mudanças no geral, que nos tirem da zona de conforto. Por outro lado, quando são vividos de forma muito intensa, podem impedir a pessoa de realizar atividades importantes ou até mesmo fazê-la perder o controle físico, a ponto de ir "parar no pronto socorro" passando muito mal.


Dessa forma é preciso olhar para o contexto em que tais sintomas aparecem e o tamanho do prejuízo que esses sintomas causam na vida da pessoa.


Como fazer pra eliminar a ansiedade?


Já falei lá no início do post que a ansiedade em si é um fenômeno natural da existência humana, lembra?


É muito comum a pessoa que sofre com ansiedade querer eliminá-la de uma vez por todas, afinal, ninguém gosta de sofrer, não é mesmo? Mas antes de entrar no ringue contra ela, é preciso compreender a mensagem existencial que essa ansiedade quer transmitir.


Como assim, Brasil? (rsrs) Bem, antes de querer acabar com todos os sintomas como num passe de mágica, é necessário investigar o papel desses sintomas na sua vida no momento. Na gestalt-terapia, compreendemos o adoecimento como sinal de necessidade não atendida, de desajuste na forma como a pessoa trata a própria existência. É como se a ansiedade surgisse para chamar a sua atenção para alguma mudança que você precisa fazer e não está se dando conta.

Por isso, é extremamente importante investigar a relação que existe entre a sua ansiedade e a maneira como você vive, bem como a sua história de vida, os introjetos que foram adquiridos ao longo da vida e a visão que tem de si e do mundo, descobrindo então suas necessidades e formas saudáveis de satisfazê-las.


Outro ponto importante que deve ser considerado é que cada ser humano é único e isso faz com que cada ansiedade também seja única. Isto é, por mais que os sintomas sejamos os mesmos, eles são vivenciados de forma diferente por cada um, os prejuízos são diferentes para cada um e o sentido da ansiedade também é diferente pra cada um. Vou dar alguns exemplos para facilitar:


Vamos imaginar que Maria, adolescente, recém-saída do ensino médio, tem crises de ansiedade e vai para terapia. Lá descobre que o que está por traz dos sintomas é o fato de estar prestes a entrar num curso superior que não gostaria de fazer, mas irá fazer para atender às expectativas dos pais.


Enquanto João, um homem adulto que acabou de descobrir que vai ser pai, também tem crises de ansiedade e vai pra terapia. Mas lá ele descobre que se sente inseguro em relação à paternidade, por ter sido criado com referência negativa e tem medo de repetir os mesmos erros que o pai cometeu com ele. E isso está gerando as crises.


Percebe como são situações completamente diferentes? Esses são exemplos beeem rasos, só pra explicar um pouco o que quero dizer com "sentido de cada ansiedade". Não há um conjunto de técnicas que pode apenas ser aplicado, sem considerar as peculiaridades de cada pessoa e de cada história.


Então, quando se fala em dicas e técnicas para lidar com a ansiedade, é importante compreendermos que, na maior parte das vezes, são ações que ajudam na regulação fisiológica, o que é maravilhoso e ameniza os sintomas do momento. Respiração diafragmática, mindfulness, além de atividade física com frequência, lazer e descanso, são algumas das práticas que auxiliam bastante na redução de sintomas ansiosos.

No entanto, só amenizar os sintomas sem tratar o que os sustenta (lembra dos exemplos?), faz apenas com que esses sintomas "troquem de roupa" e apareçam de outras formas.

Por isso, a psicoterapia, juntamente com os outros modos de cuidado, é importante, pois vai facilitar o seu autoconhecimento, lhe ajudando a entender melhor sobre o seu próprio funcionamento e favorecendo uma melhor relação entre você sua ansiedade.


Essa leitura te ajudou a esclarecer suas dúvidas? Se conhece alguém que também pode se beneficiar, já compartilha com essa pessoa!





Referências:

DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais, 2019;

PINTO, Ênio. A ansiedade e seus transtornos na visão de um gestalt-terapeuta, 2017.


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Por Isa Laury Oliveira | Psicóloga CRP 03/23868 - Wenceslau Guimarães/Bahia

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